Um ano para aprender

Um balanço do ano no futebol mineiro, será que alguém pode ficar feliz?


Por Clarissa Carvalhaes

Se 2016 está longe de ser um dos melhores anos para o futebol mineiro, a expectativa é de que ele sirva, ao menos, como aprendizado para a próxima temporada. Basta uma superficial retrospectiva para atentarmo-nos criticamente quanto à falta de estratégia das diretorias de América, Atlético e Cruzeiro, acompanhada ora pela prepotência, ora pelo amadorismo. Uns em maior grau, outros com maior frequência, mas no fim das contas, quem pagou mesmo por tantas lambanças dos gestores foi o coração do torcedor.

Cruzeiro

O Cruzeiro fez um ano de apostas e, como um amador, investiu em técnicos de qualidade e experiências questionáveis, fez demissões sem cartas na manga e passou semanas sem treinador. Com elenco frágil, a torcida atravessou toda temporada amargando empréstimos sofríveis e fazendo as contas do cai-não-cai. A pressão dentro e fora do estádio ajudou o clube a escapar da Série B, um fantasma que assombrou o clube pelo segundo ano consecutivo e que por muito pouco, outra vez, quase levou a melhor.

América

A demissão precoce do técnico Givanildo Oliveira, homem que conhecia bem a equipe americana e que levou o fraco time a conquista do Campeonato Mineiro 2016 foi o primeiro vagão a descarrilar no América. Sem peças convincentes ou contratações capazes de competir no Campeonato Brasileiro, o Coelho investiu em jogadores de pouquíssima qualidade técnica e em posições aleatórias. Resultado: cumpriu os presságios de que era o favorito para o rebaixamento e voltou para a Série B com a pior participação na história do Brasileiro: apenas 24,5% de aproveitamento.

Atlético

Apesar de 2016 não ter poupado nenhum time de resultados lastimáveis, para poucos ele foi tão decepcionante como para o torcedor do Atlético. Apontado como um dos favoritos, “dono do melhor elenco do Brasileirão”, o Galo embalou no primeiro turno e chegou a liderar a competição por várias rodadas, mas despencou na mesma velocidade em que subiu. Na Copa do Brasil, chegou à final contra o Grêmio, mas ao longo da competição, realizada por sorteio, não enfrentou equipes de peso equivalente ao dele. Quando o número de lesões entre os jogadores ganharam sequência, as contratações sem muito critério ficaram evidentes: a diretoria alvinegra investiu mais do que necessário em atacantes estrelas, mas deixou desguarnecida, com peças únicas e dificilmente substituíveis, posições como a retaguarda e as laterais. No fim das contas, o sentimento que atordoa o torcedor tanto do América, como do Cruzeiro e Atlético é o mesmo: a impressão de que não ter um título para comemorar ao fim de 2016 não é tão assustador como saber que o amadorismo pode continuar à frente da tomadas de decisão dos clubes. E isso, amigos, o futebol não perdoa.